Equipamentos e alimentação
18/11/2022
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18/11/2022

Dicas para as nossas trilheiras

O Texto a seguir é uma colaboração de Quesia da Cunha Oliveira.
São dicas valiosas para as nossas trilheiras que gostam de turismo de aventura e saem pelo mundo a procura de lugares interessantes junto a natureza.
Segue na íntegra.
Aproveitem!!

Dicas para Mulheres:

Normalmente acompanho as dicas para viagem de aventura em sites e artigos dos experientes homens das montanhas e com eles aprendo muito, mas, sem a devida preocupação as particularidades que atentem também as trekkers mulheres. Como nossas necessidades são diferentes das dos homens e nosso corpo requer atenção especial, porquanto o que nos diferencia também nos singulariza, resolvi registrar os cuidados que aprendi passando os meus apertos nas trilhas e transformando-os em aprendizagem que facilitam minhas viagens tornando-as mais prazerosas e efetivas ao seu propósito que é viver a alegria em estar em contato com a natureza. Assim divido aqui minhas liçoes femininas aprendidas:

Antes de viajar deve-se cortar as unhas bem curtas e lixá-las bem. Não recomendo usar esmaltes, pois, com o tempo eles começam a sair e ficamos agoniadas tirando o que resta com o sacrifício que a atividade requer; Existem lixas bem pequenas e fáceis de carregar junto aos medicamentos que podem ser úteis se a viagem for um pouco mais longa. Existe ainda, uma peça para remoção de cutículas que mede em torno de cinco centímetros não ocupa espaço e socorre quando as pontinhas nas laterais das unhas começam a surgir e incomodar.

Recomendo a quem como eu que tem cabelos compridos, apará-los e fazer uma profunda hidratação uns dois dias antes da viagem. Em função dos ventos, poeira, frio, ar seco, lavagem descuidada os cabelos ficam ressecados e com aparência de embaraçados e frágeis e a hidratação antecipada ajuda a protege-los, especialmente em longas trips;

Shampoo e condicionador são mais fáceis de serem carregados em embalagem tipo bisnaga. Existem ótimas marcas e para todo tipo de cabelo. Caso encontre com tampas de enroscar melhor ainda, pois, a possibilidade de vazamento é menor.

Sempre bom ter uma bandana tubular na mochila. Eu uso no pescoço e ela protege a cabeça, garganta, cabelos e é muito útil no banho quando não se quer molhar os cabelos.

Recomendo que seja agendada uma consulta com ginecologista e avaliado a possibilidade de uso de anticoncepcional sem interrupção. Mesmo que não coincidam os dias do ciclo menstrual, o organismo reage ao desgaste físico e pode, como já aconteceu comigo, antecipar a descarga hormonal só de pirraça e, estar menstruada em lugar de escassez de banheiros não é uma experiencia muito agradável;

Se você não fizer uso de anticoncepcional contínuo, leve absorvente interno e protetor diário por segurança. A troca de absorvente não é uma tarefa simples em meio a trilha sempre frequentada por outros trilheiros. Algumas pessoas me recomendaram o uso do copinho de silicone. A desvantagem é que em lugares em que não há banheiros e água em abundância como por exemplo Acampamento Base do Everest, eles não inapropriados por exigir muita água para sua higienização.

Recomendo também o uso de protetor diário para um maior conforto, independente se você estiver menstruada. Ao retirá-lo sua calcinha estará limpa para ser carregada na mochila e o protetor absorve o suor e te mantém sempre sequinha e segura em caso de emergência.

Se você usa sabonete especial para o rosto, leve-o e para não ter que carregar dois sabonetes diferentes, use shampoo infantil para o cabelo e use também como sabonete líquido. Ele tem PH neutro, é suave, refrescante e você não adiciona mais peso a sua mochila.

Se você gosta de batom, de preferência ao protetor labial ou batom com proteção UVA. Tenha sempre a mão um protetor ou bloqueador solar em tamanho menor para ser carregado no bolso. A incidência solar traz desconforto e castiga a pele do rosto exposta ao tempo.

Se não for usar luvas durante a caminhada, é importante usar protetor solar em quantidades generosas nas mãos que ficam mais expostas ao tempo durante o dia, em função do uso dos bastões.

A escolha de calcinhas e sutiãs também requer uma ciência: prefira sutiãs com alças mais largas e sem enfeites, pois, o contato com a mochila pode marcar ou machucar a pele. Nas laterais escolha os que são mais larguinhos e com base de sustentação e de preferência aos que não tem aro. Gosto dos modelos da Hope que usam alta tecnologia nos tecidos e cortes bem estruturados. As calcinhas devem ser mais confortáveis e quanto menos sintéticas melhor.

Para quem se depila, faça isso dois dias antes da viagem para que você se sinta mais confortável por mais tempo. Além disso, os pelos podem encravar em constante contato com o tecido segunda pele, caso você faça trilha em lugares frios que exija mais roupas. Uma dica minha é tomar banho com bucha vegetal para preparar a pele para a constante fricção do tecido segunda pele.

Sugiro um hidratante em tamanho pequeno e em substituição ao perfume. É agradável e dá a sensação de frescor, limpeza e renovação ao fim do dia e só mulher sabe o valor disso, além do mais massagear os pés com hidratante os prepara para o dia seguinte.

Se você é adepta de cordões, anéis, pulseiras e brincos recomendo usar o mínimo possível. Um brinco pequeno de ouro ou prata que não precise ser trocado nem mesmo para dormir é o mais indicado. Ainda que discreto é suficiente para deixar mais feminina e reduzir a aparência de moleque na trilha. No entanto, nunca use brincos grandes. Se fizer questão de cordão, use um com placa com nome e tipo sanguíneo que pode ser adquirido em loja de material para militares. É útil e charmoso ou ainda, use algo mais alternativo e que não necessite ser retirado ao tomar banho ou dormir. Considerando que na trilha não há lugar para guardar pertences e os banhos devem ser rápidos, evite jóias, pois, são fáceis de quebrar e você parecerá uma fresca pedindo ajuda com gargantilhas que perderam o fecho, grudou na mochila, cabelo ou quebrou-se em função de um esforço maior. Não recomendo usar nenhum tipo de anel e nem mesmo aliança em trilhas longas. As mãos costumam inchar e o resto você já sabe e se você for escalar, não use absolutamente nada!

O uso de calças largas, botas pesadas e, convenhamos horrorosas na maioria das vezes, não nos tira a feminilidade e a identidade em ser e sentir-se mulher. Não há incompatibilidade e cabe-nos associar conforto e sensibilidade que nos diferencia.

Nós mulheres gostamos muito de óculos de sol, mas, na trilha não é adequado as armações de metal. De preferência aqueles com proteção UVA UVB e com armações plásticas que são mais apropriadas e indicadas para atividades esportivas e que tenham cordinha para suporte, pois, nem sempre é possível guardá-los em local apropriado durante o percurso e perdê-los pode significar muita dor de cabeça, literalmente.

Tenha sempre os cabelos presos e caso queira mantê-los soltos, tenha sempre á mão um elástico de cabelo, tipo fio de telefone que pode ser usado no pulso, para prende-los sempre que necessitar.

Quanto aos desodorantes os mais práticos são os tipos rollon. Não vazam e são fáceis de aplicar, além de pequenos e leves para carregar. Você também pode solicitar a sua dermatologista uma receita mais adequada ao seu tipo de pele e mandar manipular.Existe ainda um da marca Vichy (sete dias) para sudorese intensa e é de excelente qualidade.

Imprescindível o uso de sacos plásticos com fechamento Pack para separar tudo, inclusive as roupas, pois facilita a identificação e localização na mochila e protege de chuvas. No abrigo ou na barraca pode espalhar os saquinhos e guardá-los sem muito esforço para arrumação.

Algumas pessoas aderiram ao objeto “xixi em pé” como alternativa para as mulheres usarem banheiros públicos. Eu definitivamente não gosto e não quero levar mais um apetrecho na mochila. Desde pequenas desenvolvemos a habilidade de fazermos xixi sem encostarmos-nos aos vasos de sanitários públicos. O segredo é ter sempre a mão ou no bolso pedaços de papel higiênico para facilitar o serviço. Fazer xixi em pé requer novas técnicas e não muda muito as dificuldades nas trilhas.
No mais é seguir a estrada sendo feliz na complexa arte de ser mulher em comunhão com a natureza, feliz na aceitação de pertencer a condição feminina e consciente de sua extraordinária singularidade.
By Quesia Da Cunha Oliveira
Dicas para as nossas trilheiras
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